quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um dia "especial"

Relembrando brevemente, no dia 4 de junho de 2010, entrou em vigor a lei da Ficha Limpa. Aquela lei polêmica que gerou muita discussão e dúvida entre os doutos e entendidos no assunto. Reza a lei que só poderia se candidatar aquele que não respondeu ou não estivesse respondendo a nenhum processo na justiça, ou seja, aqueles que não tivessem sujeiras, manchas no decorrer da sua vida, a lei teria então o objetivo de combater, ou tentar combater a corrupção. Na época, vários candidatos que se enquadravam nessa lei recorreram à justiça para que pudessem se candidatar, alegaram inconstitucionalidade na lei. Os fichas sujas, não só conseguiram se candidatar, como muito deles conseguiram se eleger.

A terça-feira, 01/02/2011, foi um dia muito especial e de comemoração para a política e democracia brasileira. Corrigindo, foi um dia especial para os politiqueiros fichas sujas eleitos democrática e conscientemente pelos cidadãos brasileiros. Os fichas sujas nos mostraram mais uma vez e estão provando a cada dia, que aqui no Brasil é extremamente compensador cometer certos desvios de conduta.

Com tantos Paulos Malufs no cenário político, parece não nos haver muitas outras opções, por isso mesmo muitos preferiram “protestar” elegendo de forma incontestável o palhaço Tiririca, entre palhaço e corruptos preferiram ficar com o primeiro. No entanto, ainda assim o nosso velho Maluf e outros tantos sobrenomes “renomados” ascenderam à Câmara e ao Senado. Os corruptos nós já sabíamos que não brincam com o dinheiro público, eles o usam seriamente na hora de embolsar, viajar, festejar e se divertirem. Acho que o palhaço da vez não é o palhaço Tiririca ou a turma de dentro (do Congresso), mas sim a turma de fora. O circo está montado e o espetáculo é longo. Esperemos que não nos seja tragicômico.

Pergunto-me às vezes se a prática dos políticos lá de cima não reflete de modo exacerbado (não generalizando) as nossas pequenas corrupções no dia-a-dia. Furar uma fila, fazer gato na luz ou na TV à cabo do vizinho, comprar diplomas ou CNHs, jogar lixo nas ruas e reclamar do governo por não manter a cidade limpa, sentar no lugar dos idosos, deficientes e grávidas no ônibus ou não ceder lugar aos mesmos, tudo isso são pequenas vantagens que nos permitimos praticar diariamente, dá-se um jeitinho (brasileiro) de se buscar vantagem em tudo. É claro que essas práticas, nem todas elas são conscientes, elas estão de tal forma arraigadas em nossa cultura, que não percebemos o significado, a importância desses maus atos. Tudo parece funcionar como uma bola de neve rolando montanha abaixo, eles fazem lá em cima porque tiveram a educação e essa prática quando viviam aqui por baixo, e nós aqui embaixo nos permitimos esses pequenos “privilégios” porque todo mundo faz lá em cima, e assim se perpetua esse ciclo vicioso, estamos reproduzindo em escala micro o que se faz lá em cima em escala macro. Não quero com isso isentar os políticos corruptos e nem nós, só penso que para que possamos exigir dos outros, temos que repensar e agir de modo diverso do deles. Não percebemos, mas são pequenos atos individuais, que se todos se propusessem a fazer seria capaz de dar outros rumos à nossa sociedade.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

DEBATES E SABATINAS.

Dizem que a propaganda política veiculada nos meios de comunicação é muito importante para os eleitores, pois é quando entramos em contato com as propostas públicas de cada candidato, e assim, podemos avaliar as “melhores” opções. No entanto, parecemos esquecer que por trás de todo aquele discurso, quando não decorado é lido, há várias cabeças de assessores políticos pensando qual é a melhor maneira de atrair, persuadir o eleitorado sobre qual proposta é a melhor para o país, para a nação, enfim, para o povo. É claro, não seria diferente, não se governa sozinho, mas nesse discurso não estão implícitos os interesses do partido que muitas vezes rivalizam com o do candidato, não estão implícitos os jogos partidários, são discursos muito gerais que sempre podem ser usados como mecanismos causadores de afinidade para com o candidato.
            Por isso, a importância de debates e sabatinas, cujos quais sejam acessíveis ao grande público, mesmo que de antemão saibamos que os candidatos estejam preparados para tratar de todos os assuntos possíveis. O importante é que nesse tipo de exposição pública que se dá ao vivo, somos capazes de avaliar a espontaneidade, seriedade, respeito, criatividade, artificialidade, mecanicidade e etc, com que os candidatos tratam determinados assuntos. É ali que vemos os candidatos na sua, vamos dizer assim, humanidade, quase na sua verdade nua e crua sem aquela roupagem protetora do discurso gravado.
            Recentemente tivemos um debate televisionado onde pudemos ver e analisar como os candidatos se comportam, qual é a capacidade de reação argumentativa diante de questionamentos acerca dos seus projetos. Pois, em minha opinião, alguém que não se mostra capaz de discutir, defender, argumentar, deliberar suas ideias, como podemos acreditar que tal pessoa esteja pronta para defender ou representar os nossos interesses e necessidades?!
São exatamente nesses ambientes de debates e sabatinas, que temos a oportunidade de mostrar aos candidatos que estamos ligados aos problemas mais do que eles possam imaginar. Por essa razão, acho que devemos olhar os debates com um pouco mais de seriedade, uma vez que não temos o hábito de participar intensamente das questões políticas da nossa cidade ou Estado, muito menos do país.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Após longo tempo.

 
   Completa esse mês um ano sem postagens. A falta de tempo, aliada a alguns problemas pessoais fizeram com que o nosso trabalho fosse interrompido, mas daqui em diante retomaremos a todo o vapor as nossas atividades.
   Peço desculpa a todos.
   Muito obrigado pela compreensão!

sábado, 29 de agosto de 2009

Enfim, felizes

“Enfim, agora podemos ficar felizes com a decisão do Supremo, fez-se justiça!”, deve ter exclamado Sarney, após ter conhecimento da deliberação do ministro Eros Grau.
O pedido para a reabertura das investigações contra Sarney foi negado. Na sexta-feira do dia 28 de agosto, o ministro do Supremo tribunal Federal (STF), Eros Grau negou o pedido feito por sete senadores da oposição.
Se Sarney permanecia inseguro e pressionado até então, agora pode comemorar – dançando se souber, se não souber improvisa e, se preferir, faça par com a deputada Angela Guadagnin (dança da pizza, caso valerioduto). 

Na Surdina

       A Comissão Especial da Câmara, numa sessão “clandestina” aprovou durante a madruga do dia 27, a proposta de emenda constitucional (PEC) que propõe o aumento do número de vereadores nos municípios (mais de sete mil novos cargos para vereadores).
       A verba orçamentária – e imaginem o montante! – que as Câmaras municipais terão que desembolsar para dar conta dos gastos desses novos vereadores, poderia ser investida em projetos tanto de infra-estrutura, quanto sociais nos municípios, visando a melhoria dos mesmos.
       Os suplentes de vereadores ficaram com o sorriso de orelha à orelha, a comemoração pela aprovação da PEC teve direito a salva de palmas e hino nacional. Pelo andar da carruagem, ser vereador hoje em dia é um grande negócio, e não mais um compromisso com a sociedade.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cartão Vermelho

              Não meus caros leitores, não é um juiz de futebol dando uma aula aos senadores de como apitar uma partida. Quem tentou apitar de árbitro foi o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), durante um discurso inflamado mostrou um cartão vermelho – e que cartão! – para o presidente do senado José Sarney – pena que este não estava presente.
No entanto, o que Suplicy ignorou naquele instante é que, quem apita no Governo não é ele, mas o digníssimo presidente Lula, mesmo que dependendo do apoio da base aliada, PMDB. Todos pudemos perceber, com grande revolta, que Lula e seus aliados também apitam sobre o Conselho de Ética – nome este que não adere à realidade dos atos –, mas não entraremos nesse mérito no momento.
O fato é que, apesar do senador Suplicy ter acatado até então as decisões do Partido dos Trabalhadores (PT), isso não o impede de se revoltar e demonstrar sua revolta contra tais decisões. O cartão vermelho foi para Sarney, porém, o Governo e sua base aliada devem ter entendido muito bem esse gesto simbólico, afinal, estamos no país do futebol, e o nosso presidente é um grande apreciador desse esporte.
Seria bem mais fácil, se toda vez que um político aprontasse, fosse feito como nas partidas de futebol. Faríamos como Suplicy: “Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, está expulso!”.

Final Feliz?

Nessas últimas semanas – com muita indignação – temos acompanhado junto à mídia, o escândalo e a novela em que se transformou a nomeação de cargos por atos clandestinos no Senado.
Enquanto o governo pegava fogo, em meio a discussões um tanto quanto exaltadas, o presidente do senado José Sarney (PMDB-AP) continuava negando o ocorrido.
“Eu não sei o que é ato secreto, aqui ninguém sabe. Tudo é em relação ao passado. Não temos nada com isso.” (16/06/09)
“Não pode haver atos secretos se houve causas e efeitos. Neste caso eles não podem ser secretos.” (19/06/09)
No dia dezenove de agosto, o senador José Sarney foi absolvido de todas as acusações. O Conselho de Ética, presidido por Paulo Duque (PMDB-AP), arquivou todas as 11 ações movidas contra Sarney. A oposição entrou com pedido ao plenário para recorrer da decisão.
No entanto, o que pudemos observar foi que, enquanto a oposição se debatia inutilmente para tentar investigar os fatos e a população acompanhava consternada e impotente, Sarney e sua tropa de choque (Governo e aliados), fingiam que nada estava acontecendo, preparando-se para mais tarde se dirigirem à pizzaria mais próxima do Senado.
Aguardemos a decisão do plenário, pois por enquanto, final feliz mesmo somente para Sarney e companhia.